terça-feira, 14 de agosto de 2012

Entrevista Costanza Pascolato

Hoje quero dividir com vocês, uma entrevista que Costanza Pascolato fez para a  revista Veja Mulher.
Confesso que é uma entrevista bem antiga, mas ainda não tinha lido e, como achei interessante resolvi postar pra quem também não teve a oportunidade de ler... Apesar de valer a pena ler novamente.

Uma autoridade em moda como Costanza tem sempre algo a dizer que acrescente.



Veja - Qual a diferença entre ser elegante e ter estilo?


Costanza - Eu diria que existem mulheres bem vestidas e outras com estilo. A bem vestida é aquela que compra tudo direitinho, conforme a proposta da vitrine: veste um figurino pronto e às vezes gasta até muito dinheiro, mas você não reconhece o jeito dela naquela produção. Já a mulher com estilo é a que consegue pinçar, dentro do que a moda propõe, aquilo que lhe cai bem e vai sublinhar sua personalidade. Ela vai pegar o sapatinho que viu na loja, misturar com um casaco que comprou há dois anos e combinar com uma saia de que ela goste, e o resultado vai ser uma coisa moderna, que a favoreça. A mulher com estilo nunca será uma vítima da moda. 


Veja - Ter estilo pressupõe uma certa ousadia? 

Costanza - Não é ousadia, é mais uma independência da opinião da platéia. A Fernanda Torres não pode tomar sol, então põe o chapelão. Está calor, mas ela acha que seus braços estão musculosos demais, então escolhe não mostrar. E fica à vontade dentro daquilo que ela escolheu, porque combina com o jeito dela. A maioria das pessoas que você vê nas revistas de celebridades se veste para fazer sucesso, não para ficar à vontade. 


Veja - Como conciliar o estar à vontade com a elegância? 

Costanza - Veja a Sofia Coppola. Ela foi ganhar o Globo de Ouro de salto baixo! Foi com um vestidinho de jérsei preto e sem uma jóia. E no meio daquela peruada era a mulher mais chique da noite. Porque ela é desse jeito, o estilo de vida dela é assim.


Veja - Como você definiria seu estilo?

Costanza - Eu ponho a mesma base e mudo os acessórios.


Veja - O que você chama de seu básico?

Costanza - Sapato baixo, calça preta e t-shirt preta. O resto é o blazer do fulano, a jaqueta da Isabela Capeto, as blusas da Marni. Adoro essas misturas e hoje estou legal para fazer isso. Não faria há três ou quatro anos porque estava me achando gorda e caída. Tinha só um xale vermelho, que cobria tudo e pronto. 


Veja - De que forma você chegou a seu estilo? 

Costanza - Quando era mais jovem, usei muito a roupa para me sentir segura. Podia ser a mais burra, a menos informada, mas sabia que, na aparência, eu me segurava. Então, me vestia para os outros. Só a partir dos 45 é que passei a me vestir da forma que me sentia legal. Mas estilo é uma coisa que você constrói todo dia. Já fiz coisas horríveis, já me vesti mal pra chuchu.  


Veja - Por exemplo?

Costanza - Já usei um trench coat de cetim rosa. 


Veja - Dá para nascer com estilo?

Costanza - A gente erra bastante para acertar. Acho que ninguém tem estilo antes de uma certa idade - a não ser que você seja uma Kate Moss, que é uma menina que tem um talento inato para inventar looks copiados no mundo inteiro. Tem também aquelas mulheres fantásticas: Jackie Kennedy, Audrey Hepburn - elas faziam o que queriam. Imagine usar sapatilhas de balé com calça capri e camisa branca em 1956. Todo mundo andava de salto, calça era uma coisa esportiva, não se usava na cidade. Tinha de ter coragem para fazer aquilo. 


Veja - Como descobrir o próprio estilo?

Costanza - Um bom exercício é a gente se olhar no espelho várias vezes, friamente, da cabeça aos pés. Observar como funciona o cabelo atrás, de lado, de perfil. Se você consegue se ver como é de fato, pode até achar vários defeitos, mas vai aprender a usar o que lhe favorece. 


Veja - Existe algo que derrube qualquer estilo?

Costanza - Antigamente se dizia que sapato tinha que ser preto, bota branca jamais. Continuo achando bota branca uma coisa monstruosa, mas o que conta hoje é a harmonia do conjunto. O maior erro é você esta dissociada daquilo que esta usando. Imagine uma mulher exuberante, sexualmente agressiva, que se veste toda romântica, de lacinhos. Isso é estar dissociada da roupa: ela fica parecendo aquele elefante da Disney que usa sapatilha de bailarina. 


Veja - A valorização do estilo é coisa recente? 

Costanza - Do fim do sec. XIX até os anos 50, a moda servia fundamentalmente para conferir status. As pessoas tinham como referência o chique, que era um modelo que a elite criava e os outros copiavam. Hoje o contemporâneo é o chamado high-low - uma mistura do que é mais popular com uma coisa chique, para dar essa descontração, o ponto certo do negócio. 


''A vida para mim é como a alta-costura. Se virar do avesso, o que não é visto, o que está oculto, deve ser tão impecável e bem-feito quanto a imagem de perfeição aparente da roupa. Nunca gostei do que é só fachada.''
Costanza Pascolato 

Espero que tenham gostado do post. Gros Bisous
Mayara Valentina 
Estilo por costanza pascolato

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